sábado, 19 de junho de 2010

Olavo Bilac

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nascido em 16 de dezembro de 1865 no Rio de Janeiro e, faleceu em 28 de dezembro de 1918, na mesma. Foi jornalista e poeta, membro fundador da Academia Brasileira de Letras.

Conhecido por sua atenção a literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica, era republicano e nacionalista. Bilac escreveu a letra do Hino à Bandeira e fez oposição ao governo de Floriano Peixoto. Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Em 1907, foi eleito “príncipe dos poetas brasileiros”, pela revista Fon-Fon. Bilac, autor de alguns dos mais populares poemas brasileiros, é considerado o mais importante de nossos poetas parnasianos. No entanto, para o crítico João Adolfo Hansen, "o mestre do passado, do livro de poesia escrito longe do estéril turbilhão da rua, não será o mesmo mestre do presente, do jornal, a cronicar assuntos cotidianos do Rio, prontinho para intervenções de Agache e a erradicação da plebe rude, expulsa do centro para os morros".

Começou os cursos de Medicina, no Rio, e Direito, em São Paulo, mas não chegou a concluir nenhuma das faculdades. Em 1884 seu soneto Nero foi publicado na Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro. Em 1887 iniciou carreira de jornalista literário e, em 1888, teve publicado seu primeiro livro, Poesias. Nos anos seguintes, publicaria crônicas, conferências literárias, discursos, livros infantis e didáticos, entre outros.

Diria que Olavo Bilac foi um poeta revolucionário e persistente que largou duas faculdades para fazer algo que realmente gostava: a escrita. Um escritor revolucionário parnasiano que consegue tocar no fundo da alma de seus leitores, misturando loucura e razão, emoção e sedução.

O Tempo.

Sou o tempo que passa, que passa
Sem princípio, sem fim, sem medida
Vou levando a Ventura e a Desgraça,
Vou levando as vaidades da Vida
A correr, de segundo em segundo
Vou formando os minutos que correm...
Formo as horas que passam no mundo,
Formo os anos que nascem e morrem.
Ninguém pode evitar os meus danos...
Vou correndo sereno e constante:
Desse modo, de cem em cem anos,
Formo um século e passo adiante.
Trabalhai, porque a vida é pequena
E não há para o tempo demora!
Não gasteis os minutos sem pena!
Não façais pouco caso das horas!

Fernanda Vach

terça-feira, 15 de junho de 2010


Bukowski, o homem bêbado e apaixonado por mulheres. Bukowski, o poeta e o velho. Bukowski, o viciado em hipódromo e o homem que não gostava de pessoas. Condenando a normalidade e acreditando que o sofrimento era essencial para o artista, Bukowski foi único.

Ele morreu em 1994, com 73 anos, mas ainda vive entre nós através de seus livros. Considero-o um gênio. Não, ele não teve grandes livros de ficção, teve apenas livros onde as palavras simples sucumbiam a realidade. Foram 60 livros publicados, no total. Teve uma vida sofrida e pobre. Saiu de casa muito cedo, morou em hotéis baratos e sujos, teve mulheres tarde demais e a fama chegou igualmente tarde. Lia seus poemas em universidades, sempre um vinho ao seu lado ou uma geladeira cheia de cervejas. Teve trabalhos humilhantes e mal-pagos antes de ser escritor. A sua solidão foi fundamental tanto para a escrita como para a sua vida. Bukowski foi apenas Bukowski. Não teve a intenção de agradar ninguém e as coisas eram como ele queria.

Pode-se perceber na sua escrita uma influência forte do período da Grande Depressão, fruto da crise de 1929 nos Estados Unidos. O seu movimento literário chama-se "ficção transgressiva" ou "realismo sujo". Mas subentendido, nas frases supostamente perversivas de seus livros, há uma realidade crua da vida, sentimentos tão profundos que nem sempre foram interpretados por quem leu. Há quem o chame de sujo, há quem o considere o maior escritor. Bukowski é o tipo de escritor que quando você lê ou ama ou odeia. Com ele não pode haver meio termo.

"Escrevia para não ficar louco, ainda escrevia para explicar esta maldita vida para mim mesmo." Bukowski


Thaís Zimmer Martins

domingo, 13 de junho de 2010

Livro: Lolita

Esse livro traz o ápice de um sentimento condenado: o amor de um adulto por uma menina. Não posso classificar isso como pedofilia. Não é, realmente. A história se traduz toda em sentimentalismo para quem consegue chegar na essência. Lolita, uma menina de doze/três anos, "ninfeta", que mora apenas com a sua mãe. Um escritor/professor aluga o quarto vago em sua casa e imediatamente se apaixona pela menina. O livro é uma espécie de diário do escritor, um relato daqueles dias em que eles viveram juntos. Ele casa-se com a mãe de Lolita, esta morre e a menina fica sozinha no mundo. O transcorrer dos fatos mostra que de inocente ela não tinha nada. Ao contrário, era muito ardilosa, aproveitadora e manipuladora. O amor louco, obsessivo e doentio faz com que o escritor cometa loucuras. Aliás, sua vida toda era loucura.

Muitas editores rejeitaram o livro e quando ele foi lançado gerou polêmica e foi proibido em alguns países.


"Era Lo, apenas Lo, pela manhã, com suas meias curtas e seu um metro e quarenta e oito centímetros de altura. Era Lola em seus slacks. Era Dolly na escola. Era Dolores quando assinava o seu nome. Mas, em meus braços era sempre Lolita."

Vladimir Nabokov consegue fazer da ficção uma realidade muito diferente da definição de pedofilia.

O livro deu origem a dois filmes, um em 1962 e outro em 1997. Ambos conseguem retratar perfeitamente o livro, sem exageros ou faltas.

Thaís Zimmer Martins

Machado de Assis: o grande autodidata

Machado de Assis foi um desafiador de seu tempo. Nascido pobre no subúrbio do Rio de Janeiro, estampado na pele escura sua ascendência negra, sem poder ir à escola regularmente e de saúde frágil. Diz-se que antes dos 10 anos, o menino já sabia ler. Com a morte de seus pais passou a ser criado pela mulata Maria Inês. Aos 16 anos teve oportunidade de mostrar seu dom literário com o poema “Ela”. Em 1858 começou a trabalhar no jornal “Correio Mercantil”. Já em 1870 Machado de Assis aceitou o cargo de oficial da Secretária da Agricultura. No ano de 1881 deu início o movimento realista no Brasil com a obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Em 1896, casou-se com Carolina de Morais, foram 35 anos de união até a morte da esposa.

Machado de Assis assinou, ao longo da vida muitas obras entre romances, poesias, contos e peças de teatro. O autor de obras-primas como “Dom Casmurro”, “Quincas Borba”, “Esaú e Jacó” e “Memorial Aires”. Teve seus méritos reconhecidos em vida e desfrutou da fama merecida. Sendo inclusive presidente da Academia Brasileira de Letras até sua morte em setembro de 1908.

De todos os trabalhos realizados por Machado de Assis, o que deveria ser lido por todos é “Dom Casmurro” sendo um romance realista, que apesar de contar sobre os problemas pós casamento, mantém questões sem explicar por retratar de maneira subjetiva.

Simone Inês Hanauer

Livro: Nós céus de Paris

Homem voa?

Esta pergunta é respondida no livro “Nós céus de Paris” de Alcy Cheiche. O romance conta sobre a vida de Santos Dumont.

Retratando que desde a adolescência, após uma brincadeira com os irmãos, Alberto começou a provar que homem voa, com ajuda de um dirigível. Dumont nunca desistiu de seus balões de hidrogênio, controlados por um motor à gasolina, mas insistia em transformar os balões num dirigível que não precisasse, mais de hidrogênio. Mesmo ganhando o Prêmio Deutsch com o balão “Santos Dumont nº6”. Persistiu nos testes até concluir com o 14-Bis, para o qual todos falavam: “–O novo bicho voava com as asas para frente e a cauda para trás”.

A vida fascinante do Pai da Aviação também foi marcada por grandes paixões, sem evitar mulheres comprometidas. Em uma de suas aventuras disse à uma delas, a frase de Shakespeare, mas que marcava sua vida em relação as mulheres: “- É mais fácil compreender os mistérios do céu do que uma só mulher”.

É um ótimo livro para quem gosta de aventuras, romance, persistência em realizar sonhos e a história, tanto do Brasil quanto do mundo, marcada por uma época cheia de coisas novas e personalidades que mudaram o mundo.

Simone Inês Hanauer

Luis Fernando Veríssimo

“Todo desejo é um desejo de morte”

“Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. [...] acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. ’’

Talvez essa seja a receita de irreverência do escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo. Por falar nisso, estive pensando como as coisas poderiam ser diferentes. Se Veríssimo fosse paulista, por exemplo, provavelmente o Analista seria de Itu.

O autor de 73 anos, cabelos brancos, orgulhoso da netinha e de poucas palavras, pouco representa o papel de vovô tímido quando escreve. Ousado em seus textos, desde a escolha dos temas do cotidiano, que para a maioria são insignificantes e para ele são matéria prima de luxo para verdadeiras obras. Pode-se dizer que quase tanto como a Velhinha de Taubaté, Veríssimo é um crente nato! Acredita muito, surpreendentemente, até na seleção do Dunga. E, olha que de seleções ele entende. A primeira partida de Copa que assistiu foi Iugoslávia x México, em Porto Alegre, em 1950; depois daí, já trabalhou em seis mundiais, incluindo o dos EUA, em 1994, quando viu o então capitão Dunga erguer o caneco. Não adianta, o cara é tão fã do compatriota, quanto a maioria da critica é dele. Deve ser recordação dos tempos de Internacional, time de coração de Veríssimo.

Desde o primeiro livro publicado “O Popular”, de 1973, está num seleto grupo de escritores brasileiros que se mantém no cenário nacional renovando-se sempre. A extensa obra vai de crônicas (principalmente), alguns romances, literatura infanto-juvenil, viagens e até quadrinhos.

Nota: o livro “O Analista de Bagé”, de 1981, esgotou em dois dias.

Não se pode falar muito mais para não cometer o demérito de parafrasear algum ilustre, já que os elogios em torno dele costumam ser generosos e proferidos por muitos.

Recomendo: Comédias da Vida Privada, Comédias da Vida Pública, O Analista de Bagé, A Mesa Voadora, Gula – O Clube dos Anjos.

Para quem se interessar mais,


Priscila Tonietto

Livro: O apanhador no campo de centeio




“Para ler antes dos vinte e cinco anos.”

Meu professor recomendou o livro “The catcher in the rye” ou “O apanhador no campo de centeio”, dizendo: “leiam antes dos vinte e cinco anos”. O livro não é muito grande e a leitura é fácil e flui tranquilamente, mas vou fazer a mão para quem já está estourando o limite de idade e não terá tempo de ler, e também, por tabela, para quem tem preguiça de ler tudo. Lá vai uma resenha.

O tal de J.D. Salinger é bom pra chuchu! No duro, mesmo. E, não incomoda nem um pouco ele passar o livro todo usando essas expressões que ninguém usa mais; primeiro porque nós sabemos que o livro foi escrito em 1945; segundo porque é o personagem quem conta a história, então quem fala cheio de gírias não é o autor e sim o Holden, e ele só tem 17 anos; terceiro porque o livro foi traduzido e não se pode apostar a mãe ou coisa que o valha por uma tradução, mas isso é uma outra história. Holden está internado em um hospital e nos conta sua vida. Na verdade, o tempo transcorrido no livro é de apenas alguns dias, porém o personagem vai relembrando fatos que lhe aconteceram a longo de anos. Acabando de ser expulso de mais um colégio, o jovem tem alguns dias antes de encarar os pais e resolve vagar um pouco por Nova Iorque, gastando um pouco de dinheiro, já que ele é meio afortunado, revendo algumas pessoas, bebendo e fumando na noite. Holden não tem a menor pretensão de esconder seu mau humor com o mundo. Odeia tudo e todos. É um típico adolescente que mal consegue conviver consigo mesmo, o que dirá com as outras pessoas. Tentando se encontrar, de bar em bar, o dinheiro vai acabando e a depressão aumentando. Ele pensa até em fugir definitivamente e se isolar, mas acaba desistindo. Apesar deste ódio da vida, Holden não é uma pessoa insensível. É fã do irmão mais velho que é escritor, se emociona ao lembrar do outro irmão que morreu e se desmancha por Phoebe, a caçula da família. Na verdade, o cara é um príncipe neste sentido. Aliás, o nome do livro vem de uma citação que é feita duas vezes. Holden diz que tudo o que ele queria fazer na vida é ser apanhador em um campo de centeio, à beira de um precipício, onde muitas criancinhas brincam: quando elas iriam cair no abismo, ele as apanharia.

O bom da leitura não está na linearidade dos fatos, mesmo porque o enredo é um relato simples, sem grandes acontecimentos. O bom é a visão humanizada, quase um estudo da mente jovem, a linguagem, as descrições detalhas e contextualizadas. Em suma, o livro é digno de leitura para qualquer público, de qualquer idade. Pensando bem, talvez eu mude de ideia depois dos 25... Veremos.

Priscila Tonietto

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Gabriel Garcia Marquez: o escritor e o jornalista


Gabriel Garcia Marquez é um dos maiores escritores de língua espanhola do século XX, autor de livros como: Cem Anos de Solidão e Amor nos Tempos do Cólera, nasceu em Aracataca na Colômbia no ano de 1928. Formou-se como jornalista em Bogotá e atuou como correspondente internacional na Europa durante a década de 50. No final da década, já de volta à América, trabalhou na Venezuela e mais tarde foi diretor da agência Prensa Latina em Nova Iorque.

Em 1960, Gabriel deixa os Estados Unidos e vai morar na Cidade do México, onde trabalhou escrevendo roteiros para cinema, na mesma época publica seu primeiro romance, Ninguém Escreve ao General, e em 1967 lança sua principal obra, Cem anos de Solidão, que ainda é uma das maiores referências da literatura latina.

Na década de 70 volta à Colômbia, onde permaneceu até 1978 quando é expulso acusado de colaborar com a guerrilha. Em 1981 exila-se no México, onde lança, no mesmo ano, Crônica de Uma Morte Anunciada. Um ano depois recebe o Prêmio Nobel de Literatura. Ainda na mesma década escreve outra de suas principais obras, Amor nos Tempos do Cólera, e em 1989 publica O General em Seu Labirinto.

Ainda no México, lança Noticias de um Seqüestro, em 1996. Em 1999, volta ao jornalismo dirigindo a revista Cambio, em 2001 começa sua auto-biografia, publicando o primeiro volume intitulado Viver Para Contá-la. Atualmente vive na Colômbia onde escreve alguns textos de suas memórias e algumas crônicas para jornais do país.


Jayme Magalhães Neto

Livro: Os Bórgias

Em 1999, antes da sua morte, o escritor Mario Puzo, autor de O Poderoso Chefão, tinha trabalhado por quase 20 anos num novo livro. Desta vez, contaria a história de um clã que, acreditava ele, era precursor das famílias criminosas. Trata-se dos Bórgia, dinastia que manipulou a igreja no século XV.

Mario Puzo morreu, e o livro intitulado, Os Bórgias, foi terminado competentemente por sua namorada Carol Gino.

Misturando imaginação com fatos reais, o livro conta a saga de Rodrigo Bórgia, pai de Lucrécia Bórgia, que se tornou mais tarde o Papa Alexandre VI. A história é repleta de intrigas, envenenamentos e romances que prendem a atenção do leitor.


Os Bórgias, de Mario Puzo, editora Record, 480 páginas.


Jayme Magalhães Neto